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Ciclo feminino: conexão cérebro-útero-ovários

Ciclo feminino: conexão cérebro-útero-ovários

Nesse texto, vou falar sobre a conexão entre cérebro, útero e ovários no sistema endócrino e da relação entre patologias ginecológicas, estresse e distúrbios psicológicos, a partir de estudos da neurociência.

Na série Ciclo feminino, venho escrevendo textos que abordam o ciclo menstrual sob o ponto de vista das terapias naturais, do Ayurveda, da Medicina Chinesa, do Yoga, da conexão com os ciclos da natureza e da lua. Se você é nova por aqui, convido a ler os outros textos.

Como naturóloga, tive uma formação que engloba as medicinas tradicionais, as terapias integrativas e complementares e as disciplinas biomédicas. Um olhar integral sobre o ser humano, que vai além da visão fragmentada e mecanicista da medicina convencional em tratar cada sistema do nosso corpo em especialidades separadas: ginecologia, psiquiatria, endocrinologia.

O tratamento médico é sempre importante e necessário claro, mas trazer abordagens complementares ajuda a compreender melhor o processo saúde-doença e como podemos dar o que o nosso corpo precisa para se restabelecer e para ter mais qualidade de vida.

Por isso, a ginecologia natural não está separada da abordagem integral da saúde da mulher. Não podemos pensar em saúde ginecológica separada do contexto geral da saúde física, emocional e espiritual.

Não podemos tratar uma candidíase, uma endometriose ou um cisto no ovário sem cuidar da imunidade, da saúde digestiva, de um processo de desintoxicação do organismo, do gerenciamento do estresse, enfim de cuidar de todo o eixo psico-neuro-imuno-endócrino.

Sistema endócrino

O hipotálamo é a região do cérebro que comanda o sistema endócrino, em comunicação com a glândula pituitária, que transmite os sinais para as demais glândulas e órgãos – tireóide, paratireóide, pâncreas, glândulas adrenais e ovários – usando diferentes hormônios para cada um.

Ao receber a mensagem, cada glândula e órgão libera os hormônios que é responsável por produzir.

Todos trabalham em conjunto para realizar as funções que o corpo necessita.

No artigo Ciclo feminino: dominância estrogênica falei sobre os sintomas e doenças que podem ocorrer a partir do desequilíbrio hormonal.

E no texto Ciclo feminino: baixe sua mandala lunar gratuita já expliquei sobre as 4 fases do ciclo e as flutuações de estrogênio e progesterona. Então, nesse artigo, vou ampliar a abordagem para todo o sistema endócrino.

Para que esse sistema funcione em equilíbrio, vamos olhar para cinco grupos de regulação:

  • Glicose: pâncreas e fígado

  • Estresse: eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA)

  • Metabólica:  tireóide e paratireóide

  • Eliminação: fígado e intestino grosso, sistema linfático e pele

  • Reprodutiva: eixo hipotálamo-hipófise-ovário (HPO)

    O desequilíbrio em um deles pode afetar os demais e também a produção hormonal.

    Nesse texto, vou me concentrar no grupo de regulação do estresse e no grupo reprodutivo.

    No próximo artigo, vou falar sobre o grupo de regulação de glicose no sangue e sobre o grupo de eliminação para compreendermos a importância da nutrição no Ciclo feminino.

    Autoconhecimento: compreender o nosso corpo e suas necessidades é essencial para fazermos escolhas mais conscientes para a nossa saúde

    Estresse, depressão, ansiedade
    e distúrbios ginecológicos

    Quando estamos sob estresse crônico, o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA) fica em um estado de permanente alerta, o que afeta todo o sistema endócrino.

    A glândula adrenal libera adrenalina, que aumenta a pressão sanguínea e o batimento cardíaco, enquanto o cortisol eleva os níveis de glicose nos músculos.

    Precisamos dessa resposta do organismo para termos energia para os desafios do dia-a-dia, mas em excesso afetamos a regulação do sistema simpático e parassimpático.

    Insônia, ganho de peso, fadiga, problemas de fertilidade e riscos de doença cardíaca e derrame podem ser algumas das consequências.

    Nesse estado de estresse crônico, a glândula adrenal precisa continuar produzindo cortisol e, para isso, empresta “matéria-prima” da progesterona. Isso impacta na diminuição dos níveis de progesterona. E, consequentemente, no aumento do estrogênio, levando ao quadro de dominância estrogênica.

    Além disso, a divisão parassimpática do sistema nervoso autonônomo representa uma resposta de calma para o organismo e uma forma de conservar nossa energia vital. O sistema parassimpático incentiva um fluxo saudável do hormônio oxitocina, conhecido como o “hormônio do amor ou da conexão”. É uma maneira natural do corpo de equilibrar os efeitos do cortisol.

    Quando aumentamos os níveis de oxitocina, diminuímos os níveis de cortisol. A mulher produz picos desse hormônio durante o parto, a amamentação e orgasmos.

    Momentos de aconchego, abraços, carinhos, beijos, conversas e conexões com as pessoas que amamos nos proporcionam momentos de relaxamento e bem-estar que aumentam a oxitocina. Mas principalmente se dedicar a momentos de autocuidado, amor próprio e descanso é a maneira mais importante de atender nossas necessidades emocionais e físicas.

    Assim, vemos pelo ponto de vista fisiológico que nossa vida emocional está intimamente relacionada com a nossa saúde física.

    Conexão útero e cérebro

    Uma pesquisa da Universidade Estadual do Arizona aponta evidências que sugerem que o útero se comunica com o cérebro, influenciando alguns processos cognitivos.

    O estudo, publicado na revista Endocrinology, foi um experimento realizado com ratos, que  demonstrou que a remoção do útero (procedimento cirúrgico conhecido como histerectomia) tem um impacto definitivo na memória espacial.

    Abaixo destaco trechos de uma entrevista das autoras do artigo a respeito:

    “Sabemos da conexão entre cérebro, ovário e útero para a função reprodutiva. O que este estudo nos disse é que essa conexão faz mais do que afetar a função reprodutiva.

    Acreditamos que existe uma tríade útero-ovário-cérebro que pode afetar funções cerebrais, como a memória. Embora a razão pela qual a histerectomia afeta a cognição ainda não seja compreendida, acreditamos que a histerectomia produz uma interrupção única em todo esse sistema que é diferente da interrupção que ocorre com a remoção apenas dos ovários.

    Penso que a descoberta mais empolgante deste trabalho é que mostramos que a remoção cirúrgica do útero pode ter um efeito único e negativo em um determinado tipo de memória chamado memória de trabalho, comparado não apenas aos sujeitos de controle, mas também a outras variações e menopausa cirúrgica, que indica que o útero está desempenhando um papel único na cognição.

    Há uma pesquisa mostrando que mulheres que foram submetidas à histerectomia, mas mantiveram seus ovários, tiveram um risco aumentado de demência se a cirurgia ocorreu antes da menopausa natural.”

    Heather Bimonte-Nelson (professora de Psicologia e autora sênior do artigo)
    Stephanie Koebele (estudante de Psicologia e primeira autora do artigo)

    Leia o estudo completo aqui e aqui.

    O cérebro e os hormônios do ovário

    Além da relação do útero com a cognição e a memória, também existe uma linha de estudos sobre a relação entre doenças ginecológicas e hormonais e distúrbios psiquiátricos.

    Para falar sobre esse assunto, trago informações apresentadas por Marwa Azab, professora de Psicologia e Ph.D. em Neurociência pela Universidade da Califórnia. No final do texto, inseri o vídeo da palestra apresentada por ela no TED Talk.

    Ela abriu a palestra falando sobre um estudo sueco que descobriu que quase um terço das mulheres que relatam ter uma condição ginecológica, também relatam sofrer de condições psiquiátricas.

    Ela questiona que o principal tratamento médico geralmente é a prescrição de um poderoso analgésico e a pílula anticoncepcional, mas que não resolvem a causa do desequilíbrio.

    Também problematiza que psiquiatras, psicólogos, neurologistas e ginecologistas setorizam cada especialidade em vez olhar o indivíduo como um todo e a relação entre “dor emocional e dor pélvica.”

    A professora aconselha as mulheres a conhecerem e perceberem os sintomas de desequilíbrio hormonal “porque, à medida que o estrogênio flutua ao longo do mês, e o cérebro tem muitos receptores que entendem o estrogênio, ele afeta suas habilidades cognitivas, da tomada de decisões à memória. E isso também afeta suas emoções, da irritabilidade à tristeza”.

    Marwa alerta ainda sobre os perigos dos xenoestrogênios (mais informações no artigo Ciclo feminino: dominância estrogênica) e termina:

    Nós temos que equilibrar nossas escolhas.
    Mas, a menos que tenhamos consciência dessas escolhas e entendamos algumas dessas influências invisíveis, permaneceremos vulneráveis e as escolhas serão feitas para nós.
    Em vez disso, quero que você abraça suas vulnerabilidades aprendendo sobre elas, e até aproveite-as, e as recrute para trabalhar para você e a capacitá-la porque quanto mais você aprender sobre você, maiores serão as chances de surgir melhor.
    Quando você aprende sobre sua flutuação hormonal, por exemplo, mantendo um diário sobre como afeta a maneira como você se comporta, seu humor, sua maneira de amar, seus sintomas da TPM e até mesmo como você vive a maternidade, você pode usar essas informações para que seus hormônios funcionem para você.
    Você pode encontrar o momento ideal para decisões críticas que têm consequências. Onde seus hormônios estão trabalhando por você e não contra você, onde são facilitadores para expor o melhor de você.
    Você é verdadeiramente a especialista em você.
    Você é a melhor defensora para você.
    Então hoje eu te desafio a se conhecer.
    Marwa Azab

    Enquanto a neurociência segue estudando os efeitos do estresse no cérebro e na saúde em geral, as medicinas orientais como o Ayurveda e a Medicina Chinesa já trazem ensinamentos que buscam equilibrar e conectar corpo e mente há milênios. Isso favorece o equilíbrio hormonal, dá um suporte para o sistema imune e reduz a inflamação no organismo.

    Embora pareça um conhecimento muito específico voltado para profissionais de saúde, acredito que reunir essas informações é importante para compor nosso trabalho de autoconhecimento.

    Na Naturologia, em vez de se relacionar com o “paciente”, trabalhamos com o conceito de interagência, no qual a pessoa é responsável por aderir ao tratamento e ao estilo de vida que vai equilibrar seu estado de saúde. Ganhamos mais motivação para seguir um tratamento, quando compreendemos plenamente porquê e como ele irá ajudar.

    Assim, não podemos subestimar o papel que a meditação, as técnicas de relaxamento e as terapias naturais possuem de acalmar nosso sistema nervoso e, assim tratar todos os aspectos da nossa saúde, causando também um impacto positivo para a saúde ginecológica.

    No próximo artigo da série, vou falar da conexão entre intestino e saúde ginecológica e a importância da alimentação no ciclo feminino.

    Vamos nos apropriar do autoconhecimento e compreender nosso corpo para escolhas mais conscientes sobre a nossa saúde.

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    TEXTO AUTORAL © Jacqueline Guerra

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    Jornalista, naturóloga e terapeuta ayurvédica especializada em Saúde da Mulher. Cidadã ligada às causas que promovem responsabilidade ambiental, educação e cultura. Mãe da pequena Melissa.

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