6 razões para usar cosméticos naturais
A tendência no consumo de cosméticos naturais representa mais do que uma moda, consiste no crescimento da conscientização sobre os benefícios do uso para a saúde e para o meio ambiente.
Slow beauty é o movimento que vem sendo divulgado para falar de beleza natural, orgânica e vegana com uma preocupação ambiental, evitando o consumismo desenfreado.
Muitas vezes não vamos encontrar nas prateleiras do mercado e nas propagandas aquilo que é mais saudável. Teremos que pesquisar, nos informar, buscar ampliar nossa consciência sobre as escolhas necessárias.
Em 2011, depois que assisti ao documentário História dos Cosméticos, passei a me preocupar com os produtos convencionais que usava e seus efeitos. Comecei a pesquisar outras opções de produtos, mas era um assunto ainda pouco falado no Brasil e quase não havia empresas de cosméticos naturais no mercado.
Na graduação de Naturologia, aprofundei o estudo da Aromaterapia e da Fitoterapia, e passei a fazer alguns cosméticos próprios em casa, além de comprar de algumas marcas artesanais.
Felizmente, hoje em dia esse mercado vem crescendo muito e há diversas empresas comercializando cosméticos naturais, orgânicos e veganos.
Fazer da nossa saúde uma prioridade é um compromisso que requer dedicação em manter nosso poder de decisão baseado em informação de qualidade.
Em primeiro lugar, é importante compreender o que é um cosmético natural, orgânico e vegano. Nem todo cosmético natural é orgânico e vegano. Nem todo produto vegano é natural.
Por isso, continue a leitura que vou explicar todos esses conceitos e porque a opção natural, orgânica e vegana é a melhor para a sua saúde e para o meio ambiente.
No Brasil, ainda não existe uma regulamentação do setor e algumas empresas acabam usando o termo cosmético natural e orgânico, por incluírem algum componente natural ou orgânico na formulação.
Porém, também acrescentam outros ingredientes nocivos. Acaba sendo uma estratégia de marketing para atrair o consumidor mas que também traz os malefícios de substâncias tóxicas que queremos evitar.
Essa prática, conhecida como greenwashing, pode enganar o consumidor e, portanto, nos mostra a importância de ler o rótulo e entender os ingredientes.
Essa mudança de consumo pode ser gradual. Não adianta substituir tudo de uma vez e jogar os produtos que você tem em casa “fora”, pois vai causar um desperdício e gerar resíduos poluentes no meio ambiente.
Se você é gestante ou está amamentando, acompanhe essas dicas pois precisa redobrar o cuidado com tudo o que usa para garantir a segurança na formação e desenvolvimento do feto e o leite do seu bebê.
Então, veja 6 motivos para você substituir, aos poucos, os produtos na sua casa:
1. cosméticos convencionais são tóxicos
Antes de falar dos benefícios dos cosméticos naturais, vamos falar dos malefícios dos produtos convencionais.
A maior parte da indústria dos cosméticos segue uma formulação que contém substâncias nocivas como parabenos, petrolatos, sulfatos, silicones, ftalatos, retinóides, polímeros, fragrâncias sintéticas, triclosan, PABA, hidroquinona, retinol, tolueno, amônia, laurel, formaldeído e chumbo, entre outros.
No documentário História dos Cosméticos, você encontra mais informações.
A princípio, é muito difícil ler a composição no rótulo e entender nomes químicos que não estamos familiarizados, como Methylparaben, Dimethicone, Propylene glycol, Sodium Laureth Sulfate.
Não somos estimulados a se interessar em saber quais são as substâncias que estamos passando na pele ou cabelo, por exemplo.
Dessa forma, estamos acumulando diariamente uma toxicidade em nosso organismo e, a longo prazo, ainda não é possível mensurar quais são todas as consequências, embora estudos já indiquem a causa de irritações, reações alérgicas, eczemas, problemas neurológicos e no sistema nervoso, entre outros problemas de saúde.
O ftalato, por exemplo, é carcinogênico e mutagênico. E o parabeno pode agir como disruptor hormonal e mimetizar a atividade do estrogênio no corpo, o que afeta o sistema endócrino e reprodutivo, como a diminuição na produção de esperma nos homens.
Em uma pesquisa científica realizada na Inglaterra, em 2004, os parabenos foram encontrados em 18 das 20 amostras de tecidos de mama tumorais. Apesar disso, o estudo não comprovou que os parabenos podem causar o câncer de mama.
A organização The Environmental Working Group (EWG ) publicou uma lista de pesquisas a respeito.
Embora não haja consenso entre a comunidade científica, a Comissão Europeia sobre desregulação endócrina encontrou fortes evidencias desse efeito em humanos.
O óleo mineral, a vaselina e a parafina, derivados do petróleo e usados como lubrificante na indústria, aumentam a produção de radicais livres acelerando o envelhecimento.
Além disso, também eliminamos parte dos produtos no banho, ao lavar as mãos e escovar os dentes e, assim, contaminamos o sistema de abastecimento de água com esses poluentes.
Enquanto não temos certeza do que esse uso a longo prazo realmente pode provocar, podemos conhecer os ingredientes presentes nos cosméticos naturais. Com essa visão e comparação, podemos fazer uma escolha mais segura.
2. Cosméticos naturais, Aromaterapia e seus benefícios
Os cosméticos naturais são biocompatíveis e biodegradáveis, o que significa que podem ser melhor absorvidos e assimilados pela pele e não são poluentes.
Além de atenderem à questão estética, trazem benefícios para a saúde, pois são ricos em nutrientes e agentes hidratantes e umectantes e não causam danos ao meio ambiente.
Quando ocorre o processamento mínimo das matérias-primas para obtenção dos ingredientes, seus ativos estão mais próximos do que encontramos na natureza.
Os cosméticos que utilizam óleos essenciais e vegetais ainda adicionam efeitos terapêuticos da Aromaterapia que proporcionam bem-estar físico, mental e emocional.
Os óleos essenciais são substâncias produzidas pelas plantas com uma ampla ação terapêutica. Por exemplo: antibacteriana, anti-inflamatória, calmante, relaxante, estimulante, analgésica, entre outros,
Os óleos essenciais foram considerados pelos alquimistas como a quinta essência, a alma da planta, e atuam também no campo sutil. Do ponto de vista energético, as moléculas dos óleos carregam a energia vital ou prana das plantas, assim como todo o conjunto de suas características, forças e propriedades medicinais.
Essas informações estão no artigo 6 motivos porque uso e amo os óleos essenciais, onde aprofundo sobre o assunto e você pode saber mais.
É importante ressaltar que cada óleo essencial tem suas indicações e contra-indicações e, por isso, sempre é importante consultar um profissional aromaterapeuta ou naturólogo.
Crianças, idosos, gestantes e lactantes precisam ter cuidado e usar somente com orientação.
O Ayurveda, medicina milenar praticada na Índia, fala sobre a importância da oleação do corpo e da automassagem dentro da rotina de cuidados para a manutenção da saúde. Os óleos podem ser “medicados” com ervas e plantas e adquirir outras propriedades fitoterápicas.
Alguns ingredientes que podem ser encontrados nos biocosméticos são:
- óleos essenciais:
- hidrolatos, águas florais, águas bioativas, águas termais
- oleos vegetais
- manteigas vegetais
- extratos vegetais
- ceras vegetais
- argilas
Sobre isso, fiz um texto que conta todos os detalhes: Cosméticos Naturais: 7 ingredientes e seus benefícios.
3. Cosméticos naturais orgânicos
Os cosméticos orgânicos são feitos com insumos livres de agrotóxicos, pesticidas, antibióticos, fertilizantes químicos, hormônios de crescimento sintéticos e geneticamente modificados.
Infelizmente, em 2019, o governo autorizou o uso de mais 42 agrotóxicos no país.
Porém, nem todos os cosméticos naturais são orgânicos. Como no Brasil não existe uma regulamentação a respeito, muitas empresas usam a palavra orgânico quando inserem um ingrediente na fórmula, mesmo que os outros componentes sejam sintéticos.
É aí que entra o papel das empresas certificadoras que emitem selos para garantir que os processos de produção seguem as normas da legislação.
Para que um cosmético seja considerado orgânico pelas certificadoras no Brasil, o produto precisa conter 95% de ingredientes orgânicos e os restantes 5% não serem compostos por uma lista de substâncias nocivas proibidas.
A Ecocert, por exemplo, é uma organização francesa que se tornou referência na certificação de produtos orgânicos no mundo e atua no Brasil.
A IBD (Instituto Biodinâmico) também realiza certificações orgânicas e socioambientais como, por exemplo, o selo Fair Trade, que garante o comércio justo por meio de uma cadeia produtiva de mercadoria legítima e sem abuso dos trabalhadores.
4. proteção da vida: Cosméticos veganos
Preocupar-se com a preservação ambiental também é assegurar que o produto não seja produzido a partir do sofrimento animal.
Ser vegano é não usar insumos de origem animal nem fazer testes neles.
Nem todos os produtos são simultaneamente naturais, orgânicos e veganos. Alguns são naturais mas usam a cera de abelha, por exemplo. Outros são veganos, mas cheios de componentes sintéticos.
No Brasil, os selos veganos são concedidos pela Sociedade Brasileira Vegetariana. E o selo Cruelty Free também identifica a ausência dos testes em animais.
Encontrar todos os selos mencionados nos produtos significa que você pode ter certeza do que está comprando.
Dessa forma, a escolha mais sustentável e saudável é optar por cosméticos naturais, orgânicos e veganos. Se for possível, dê preferência para essa alternativa entre outros produtos.
5.Embalagens sustentáveis
As empresas que realmente tem um compromisso com a responsabilidade ambiental, investem em soluções ecológicas em todas as etapas da cadeia produtiva, incluindo as embalagens.
Sabemos dos problemas gerados pelo plástico e como estão impactando a questão dos resíduos e poluindo o meio ambiente, pois podem levar até 400 anos para se decomporem.
Portanto, as alternativas que usam o vidro e o bambu são as mais ecológicas. Também podemos praticar o reaproveitamento desses recipientes após o fim do produto.
O uso do plástico reciclado e refil também é uma forma de diminuir o impacto. E os programas de logística reversa e reciclagem são mais uma das ações que as empresas e os consumidores precisam aderir para amenizar o problema.
6. Cosméticos naturais multifuncionais
O efeito multifuncional dos produtos significa um uso mais inteligente dos nossos recursos, gerando economia e diminuindo o excesso de consumo. Menos é mais!
O óleo vegetal e a manteiga podem ser usados para a nutrição e hidratação da pele e dos cabelos ao mesmo tempo. Uma base para o rosto pode hidratar e tratar os sinais além de maquiar. O desodorante também pode ter um efeito hidratante. O mesmo creme para o corpo pode ser usado nas cutículas.
Não precisamos de uma prateleira cheia de produtos que nunca vamos usar até o final. Ao conhecer as propriedades das substâncias, sabemos que podem ser úteis para hidratar e nutrir todo o corpo.
Esse conhecimento também nos possibilita fazer os nossos próprios cosméticos naturais e nos dá mais liberdade e autonomia.
Uma reflexão: qual é o seu jeito de se cuidar?
Além de tudo isso, é importante refletir quais são os motivos que nos levam a usar cosméticos. Dentro de um espaço de autocuidado, é super importante valorizarmos recursos e produtos que nos façam sentir bem.
Porém, vamos lembrar que vivemos cercados pelo estímulo ao hiperconsumo e pela imposição de um padrão de beleza e juventude. Isso pode afetar nossa autoconfiança e saúde mental.
Podemos nos libertar da necessidade do consumo excessivo de produtos e investirmos também em outros meios para nossa saúde como a alimentação, a respiração consciente, a atividade física, o sono e o descanso.
A energia vital é conhecida no Ayurveda, como Ojas, e na Medicina Chinesa, como Qi. Promover o fluxo e o equilíbrio em nossa vida gera bem-estar e harmonia, fortalece nosso sistema imunológico e, consequentemente, nos dá disposição e vitalidade, o que acaba irradiando para a nossa aparência e beleza.
O processo de autoconhecimento nos leva a valorizar nossa individualidade e singularidade e a mudar nossa relação com o corpo e com o autocuidado.
Se você quer cuidar da pele e dos cabelos, por exemplo, comece pela alimentação. A Medicina Chinesa e o Ayurveda explicam a conexão entre intestino, pulmão e pele.
A pele nos envia sinais de como está a nossa saúde e não adianta tratar apenas topicamente. É preciso olhar a questão “de dentro pra fora”.
Não adianta o melhor creme anti-rugas se nossa alimentação não é antioxidante. Não compensa usar o melhor creme para acne se estamos comendo açúcar e junk food com frequência.
A atividade física também ajuda a movimentar a circulação sanguínea e o sistema linfático, a transpirar e a eliminar toxinas.
Usando cremes você até verá alguma melhora, mas o organismo continuará tentando expelir pela pele o excesso de toxinas. Ainda bem! Imagina se não houvesse essa inteligência no corpo. Só precisamos escutar o que ele está nos dizendo.
Para finalizar, eu não poderia deixar de falar sobre duas ideias que irão permear vários artigos desse blog : “compre de uma mãe” e apoie o Ecofeminismo.
Valorizar o empreendedorismo materno significa colaborar com a mulher em uma fase de grande vulnerabilidade. Muitas são demitidas quando retornam da licença-maternidade e precisam criar alternativas de renda. Por isso, esse também pode ser um critério de escolha na hora da compra.
Isso tudo tem muito a ver com a causa ecofeminista e você pode saber mais no texto Ecofeminismo: nosso compromisso com a Mãe Terra.
Se você se sensibilizou por tudo o que expliquei nesse artigo, mas ainda está com dúvidas sobre como escolher um cosmético natural, ler rótulos e conhecer as certificações, siga acompanhando o blog e as redes sociais. Continuarei postando dicas, informações, curadoria e resenha de produtos para inspirar você a fazer escolhas conscientes.
E se você tem mais dicas para compartilhar, deixe seu comentário. Compartilhe e ajude a promover essa mudança!